31 de outubro de 2008

Constantino

Constantino (imperador na Gália no lugar do pai, Constâncio Cloro, de 307 a 312; imperador do Ocidente de outubro de 312 a setembro de 323; único imperador para o Ocidente e para o Oriente de 323 até a sua morte, ocorrida em Nicomédia no dia 22 de maio de 337), como bom militar e astuto político herda as reformas da tetrarquia, mas as corrige, levando avante só as mais seguras: assim, acentua a autocracia do poder imperial, mantendo contemporaneamente a divisão administrativa do Império introduzida por Dioclesiano; concentra em suas mãos o poder militar, mas ao mesmo tempo aperfeiçoa a já iniciada distinção entre tropas de fronteira e tropas de manobra interna, incrementando e privilegiando particularmente estas últimas; aperfeiçoa a burocracia palaciana, mas ao mesmo tempo procura tornar cada vez mais articulada e estável a burocracia subalterna; mostra-se respeitoso em relação à antiga Roma, mas ao mesmo tempo funda um nova, em Bizâncio, dando-lhe seu próprio nome (Constantinopla, 11 de maio de 330); renuncia à defesa do poder de compra das classes inferiores, mas ao mesmo tempo procura garantir a solidariedade dos segmentos mais abstados, favorecendo-os com a monetização áurea (o "solidus"); respeita o velho paganismo, mas ao mesmo tempo favorece os cristãos, até fazer-se batizar, no leito de morte.
Esse tipo de política mostra-se "revolucionário" apenas o suficente para manter o "estatus quo": com esse critério, que se deduz de todo o comportamento de Constantino, deve ser julgada também a atitude religiosa do imperador. Constantino, como bom militar, tinha, na juventude (até por volta de 306), seguidor da religião de Mitra e do "Sol invicutus", ou seja, do enoteísmo solar introduzindo no Império por Aureliano; de 306 a 310, casando-se com Fausta, filha de Maximiano Augsuto, passou a participar da família imperial "hercúlea" e, portanto, da concepção religiosa que estava na raiz da tetrarquia; de 310 a 312, depois da ruptura com o sogro Maximiano, voltou ao enoteísmo solar, a partir de 312, quando começa a luta contra Maxêncio, interessa-se cada vez mais pelo cristinianismo, não tanto por influência da mãe, a cristã Helena, e mais por uma visão política e religiosa dos acontecimentos, algo que lhe era congenial.
Nessas circuntâncias, em 312, antes do confronto decisivo com Maxêncio, acontece a famosa "visão" da cruz e das palavras " Com este sinal vencerás", ou um mero sonho, ou uma simples prece de Constantino ao Deus dos cristões . Seja como for, trata-se de um começo de conversão. De fato, Constantino, ao entrar em Roma em outubro de 312, logo depois da vitória contra Maxêncio, não vai aco Capitólio para oferecer op sacrifício a Júpiter; recebe a homenagem de uma estátua erigida na Basílica de Maxêncio, que trazia um " salutare signum " , provavelmente igual à aquele que mandou colocar nos estandartes e nos escudos dos soldados ( monograma de Cristo?, cruz monogramática?, sinal-da-cruz propriamente dito?) ; em 315, recebe a homenagem do arco do triunfo, perto do Coliseu ( autal arco de Constantino), com uma inscrição que atribui a vitória constantiniana à " inspiração da dinvidade ", sem precisar qual ( enoteísmo solar, monoteísmo cristão? ) .
É só um começo de conversão ao cristianismo, além do mais por razões políticas, que se manifestaráde maniera bastante ambígua ( mas sempre levando em conta o interesse político ) nos anos seguintes, concluindo-se, enfim, como já acenamos, com o batismo cristão, recebido no leito de morte das mãos de Eusébio de Nicomédia, bispo da corte e semi-ariano.

Fonte: PIERINI, Franco. A idade antiga. Curso de história da Igreja I. São Paulo: Paulus, 1998.


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