15 de outubro de 2010

Evento para discutir educação transforma-se em ato contra Serra

Na tentativa de afastar do palanque a discussão ligada à religião, a campanha de Dilma Rousseff (PT) organizou nesta sexta-feira, em São Paulo, um encontro com entidades da área da Educação e com movimentos sociais historicamente associados ao PT. No palanque improvisado no auditório do Palácio do Trabalhador, o ato, que se destinava a debater propostas para a educação, na prática se transformou em um evento contra o candidato tucano José Serra.

O evento reuniu desafetos do ex-governador paulista, como a presidente da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), Maria Isabel de Noronha, e lideranças como a filósofa Marilena Chauí, o presidente da União Nacional dos Estudantes, Augusto Chagas, e o padre Júlio Lancelotti. Completaram o palanque alguns neoaliados como o deputado eleito Gabriel Chalita (PSB) e Celso Russomanno, candidato derrotado do PP ao governo de São Paulo, além dos petistas Marta Suplicy, Aloizio Mercadante e Eduardo Suplicy. As deputadas federais Luiza Erundina (PSB-SP) e Manuela D’Avila (PCdoB-RS) também estavam ao lado de Dilma.

A presidente da Apeoesp, principal liderança na greve dos professores paulistas ocorrida na gestão Serra, não poupou críticas ao ex-governador e disse que o tucano

“é um adversário da educação em todos os sentidos”. “Ele tratou os professores com balas e cassetetes”, disse Isabel Noronha. Segundo ela, Serra deveria ter “vergonha na cara” ao prometer na campanha que vai “valorizar” os professores. De acordo com a dirigente, é preciso ter cuidado com o discurso de continuidade feito pelo candidato. “Ele quer pegar o poder e arrebentar com tudo o que está sendo feito”. Ao fundo, estudantes que compareceram ao evento gritavam “Serra farsante, inimigo do estudante”.

Em seu discurso, o presidente da UNE afirmou que o candidato tucano, que presidiu a entidade estudantil nos anos 60, “mudou de lado ao longo dos anos”. Ele criticou o que chamou de “projeto de privatização do petróleo” durante o governo do tucano Fernando Henrique Cardoso.

Entre os convidados a discursar, a educadora Ana Maria Freire, viúva do educador Paulo Freire, também fez um testemunho a favor de Dilma. Ela disse que o debate deste segundo turno lembra o cenário da ditadura militar quando, segundo ela, a Liga das Senhoras Católicas (atualmente Liga Solidária) mandava votar em candidatos reacionários. “Querem dividir o Brasil entre os do bem e os do mal. Se vamos dividir, nós somos do bem”, disse Ana Maria, para quem Serra serve apenas à elite.

Quem também foi escalado para discursar foi o deputado estadual Major Olímpio (PDT-SP), um dos principais críticos da política de segurança pública dos tucanos no Estado. Segundo ele, Serra, em seu governo, provocou uma “guerra fratricida” ao colocar “irmãos para atirar contra irmãos” – numa referência ao confronto entre policiais militares e civis durante a greve da Polícia Civil em 2008.

Dilma escalou também uma estudante de 25 anos, bolsista do Prouni, que fez um testemunho a favor da candidata e disse temer pelo fim do programa. Por fim, o candidato derrotado ao governo de São Paulo, senador Aloizio Mercadante (PT), aproveitou a ocasião para reforçar as críticas à educação em São Paulo, como fez durante sua campanha, e lembrou o episódio da entrada da Polícia Militar no campus da USP durante ocupação da reitoria pelos estudantes.

Mercadante citou as mortes do jornalista Vladimir Herzog e do estudante Alexandre Vannuchi Leme e disse que nem durante o regime militar a polícia entrava na universidade para “bater em estudantes”. O ato, segundo o senador petista, rompeu com “o princípio fundamental para a democracia e o princípio da isonomia da universidade”.

Fonte:ig

Nenhum comentário: