20 de maio de 2013

Continuação da aula sobre empirismo e introdução a filosofia da ciência - lógica. Primeiro ano do EM



John Locke (1632-1704)
Sua teoria: Tábula Rasa – Locke combateu duramente a doutrina cartesiana segundo a qual o ser humano possui ideias inatas. Ao contrário de Descartes, defendeu que nossa mente, no instante do nascimento, é como uma tábula rasa.
O substantivo tábula significa “tábua” ou “placa” de madeira ou de outro material; o adjetivo rasa que dizer “plana”, “lisa”. Assim, a expressão tábula lisa, isto é, tábua na qual nada foi escrito nem gravado. Ao nascer, nossa mente seria como um papel em branco, sem nenhuma ideia previamente escrita.
Locke retomava, assim, a tese empirista segundo a qual nada existe em nossa mente que não tenha sua origem nos sentidos – olfato, paladar, audição, visão e tato. O filósofo defendeu que as ideias que possuímos são adquiridas ao longo da vida mediante a experiência sensível imediata e seu processamento interno.
DOIS TIPOS DE IDEIAS
Ideias da sensação: são nossas primeiras ideias, aquelas que chegam à mente através dos sentidos, isto é, quando temos uma experiência sensorial, constituindo as sensações. Essas ideias seriam moldadas pelas qualidades próprias dos objetos externos. Por sensação Locke entende, por exemplo, as ideias de amarelo, banco, quente, frio, mole, duro, amargo, doce, etc.
Ideias da reflexão: são aquelas que resultam da combinação e associação das sensações por um processo de reflexão, de tal maneira que a mente vai desenvolvendo outra série de ideias que não poderiam ser obtidas das coisas externas. Seriam ideias como a percepção, o pensamento, o duvidar, o crer, raciocinar.
CONCLUSÃO
O filósofo admitia, no entanto, que nem todo conhecimento limita-se, exclusivamente, à experiência sensível. Considerava, por exemplo, o conhecimento matemático válido em termos lógicos, embora não tivesse como base a experiência sensível. Nesse sentido, Locke não era um empirista radical.

DAVID HUME (1711-1776)
Hume ao contrário de Locke, foi um empirista radical. Ele formulou outra teoria empirista. Dividiu primeiramente, tudo aquilo que percebemos em:
Impressões: referem-se aos dados fornecidos pelos sentidos, com os impressões visuais, auditivas, táteis;
Ideias: referem-se às representações mentais (memória, imaginação, etc.) derivadas das impressões.
Assim, toda ideia é uma re (a)presentação de alguma impressão. Por exemplo: quando eu falo em uma árvore, no fundo estou usando aquilo pelo qual tive a experiência por meio da impressão. Essa representação pode possuir diferentes graus de fidelidade. E alguém que nunca teve uma impressão visual – um cego de nascença, por exemplo – jamais poderá ter uma ideia de cor, nem mesmo uma ideia pouco fiel.

CRÍTICA A INDUÇÃO
Entendemos por indução, ou raciocínio indutivo todo pensamento que vai de uma realidade particular para uma realidade geral. Por exemplo: quando eu digo que todos os cines são brancos, é porque eu vi particularmente um cisne branco no mês passado, na semana passada, ontem e hoje, portanto, concluo que todos os cisnes são brancos. As conclusões indutivas são produzidas, assim, pelo seguinte processo mental: partindo de percepções repetidas que nos chegam da experiência sensorial, saltamos para uma conclusão geral, da qual não temos experiência sensorial. Isso quer dizer que ao afirmar que todos os cisnes são brancos, no fundo eu apenas tirei uma conclusão dos cisnes brancos que eu vi. Quem me prova que em outro lugar, não há um cisne negro?  Isso levaria a minha conclusão que todos os cines são brancos ao erro.
Hume argumentou que a conclusão indutiva, por maior que seja o número de percepções repetidas do mesmo fato, não possui fundamento lógico. Será sempre um salto do raciocínio impulsionado pela crença ou hábito, isto é, as reiteradas percepções de um fato nos levam a confiar em que aquilo que se repetiu até hoje irá se repetir amanhã. Assim, por exemplo, cremos que o Sol nascerá amanhã porque até hoje ele sempre nasceu. Mas, em termos lógicos, nada pode garantir essa certeza.

CRÍTICA A CIENCIA
Ao questionar a validade lógica do raciocínio indutivo, a obra de Hume deixou um importante problema para os teóricos do conhecimento. Afinal, é ou não possível partir de experiências particulares para chegar a conclusões gerais, representadas pelas leis científicas?
Enquanto o senso comum acredita que por meio de observações repetidas, realizadas no passado, podemos justificar nossas expectativas futuras, Hume sustentou que a repetição de um fato não nos permite concluir, em termos lógicos, que ele continuará a se repetir da mesma forma, indefinidamente.
Desse modo, o filósofo revelou um ceticismo teórico, pois, para ele, o conhecimento científico que ostenta a bandeira da mais pura racionalidade – também está ancorada em bases não racionais, como a crença e o hábito intelectual.
Isso significa que, desconfiando das posições arraigadas pela força do hábito, o cientista deveria apresentar suas teses como probabilidades, e não como certezas irrefutáveis.

FILOSOFIA E A CIENCIA
CRITÉRIO DA REFUTABILIDADE
O filósofo da ciência Karl Popper (1902-1994), deu uma grande contribuição para a filosofia, tirando a estigma de que a ciência tem a última palavra.
Popper, criticou o critério da verificabilidade e propôs como única possibilidade para o saber científico o critério da refutabilidade ou de falseabilidade.  De acordo com este critério, uma teoria mantém-se como verdadeira até que seja refutada ou falseada, isto é, até que seja demonstrada sua falsidade, suas brechas, seus limites. Para Popper, nenhuma teoria científica pode ser verificada empiricamente pelo método indutivo.
Com essa afirmação, Popper, indicou a condição transitória da validade de uma teoria, ou seja, determinada teoria é válida até o momento em que é refutada, mostrando-se sua falsidade.

A LÓGI CA- NOÇOES BÁSICAS DE LÓGICA CLÁSSICA
Desde a Grécia antiga filosofar significa buscar a sabedoria por meio do uso metódico da razão. Aos filósofos interessa a formulação de raciocínio que cheguem a resultados verdadeiros, e não falsos. Por isso, diversos pensadores lançaram-se à tarefa de analisar as estruturas dos raciocínios, organizando-as e classificando-as. Foi assim que nasceu a lógica.
O que é lógica?
Ciência que tem por objetivo determinar, por entre todas as operações intelectuais que tendem para o conhecimento do verdadeiro, as que são válidas, e as que não são. Ou, simplesmente, ciência da forma (ou estrutura) do pensamento. Assim, a lógica preocupa-se com o aspecto formal de um raciocínio ou argumento, formulando regras do pensamento correto.

ALGUMAS DEFINIÇÕES
Conceito: noção ou representação mental de um objeto.
Termo: expressão verbal ou linguística ( em palavras) de um conceito
Exemplo: Sócrates, mortal, homem, mulher, casa, bola, José, etc.
Extensão e compreensão
Quando examinamos um termo, devemos considerar sua:
Compreensão: conjunto de predicados que um indivíduo deve possuir para ser designado por esse termo. Refere-se, portanto, às qualidades do ser designado.
Exemplo ( com o termo ser humano): animal, vertebrado, mamífero, bípede, racional, etc.
Extensão: conjunto de indivíduos aos quais se pode aplicar esse termo. Refere-se, portanto, à quantidade de seres por ele designados.
Exemplo (com o termo ser humano): você, eu, João, Maria, Pedro, Paulo, etc. (enfim, toda espécie humana).



Fonte: Resumo de aulas do professor Marcos Martins César, filósofo.

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