1 de junho de 2008

Teologia Moderna - Religião e história. Parte II

Nem todas as religiões tem igual valor, ainda que cada uma, em seu próprio tempo e lugar, seja boa. Cada religião específica ou positiva surge quando as experiências individuais dos homens se agrupam ao redor de alguma intuição ou princípio particular. Assim, disse Schleirmacher (desafortunadamente, caso se leve em consideração os ensinos evangélicos dos grandes profetas), que o judaísmo se faz dominado pela idéia de recompensas e castigos, e que, portanto, não pode ser considerado verdadeiro antecessor de fé do Novo Testamento. O cristianismo, por outro lado, em sua forma original afirma a vitória do Infinito sobre a finitude e o pecado. Seu interesse principal está na resistência universal que opõe todas as coisas finitas à unidade do Todo, e o modo em que a Deidade vence essa resistência. Portanto, a atitude característica é a de conflito com a indignidade do mundo. Seu sentimento ou atitude permanente é a de sagrada tristeza. Jesus estava consciente de seu caráter de Mediador. O elemento verdadeiramente divino é a clareza gloriosa que chegou a ter em sua mente a grande idéia que veio a revelar-nos. Esta idéia era que todo o que é finito requer uma mais alta mediação a fim de concordar com a Divinidade.
Portanto, o cristianismo, de acordo com Schleiermacher, encontra-se entre as religiões positivas, e muito acima delas. Como elas, é uma organização individual do material comum e universal do sentimento religioso, que gira ao redor de uma intuição particular do Infinito. Contudo, a diferença entre elas roubou do cristianismo a mesma essência da religião fazendo dela sua intuição constitutiva sobre a qual tem sido erigida. Mas na realidade, é impossível descobrir nos Discursos uma opinião firme a respeito do lugar que ocupa o cristianismo entre as religiões do mundo.

Fonte: Idem da parte I

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