1 de junho de 2008

O Inferno, existe?

As raízes da noção de inferno encontram-se, sem dúvida, na idéia judaica de morada dos mortos, o Xeol.Os padres da Igreja descreveram o fogo do inferno de maneira bem naturalística Agostinho e Gregório seguiram o mesmo caminho: o fogo seria fogo real com que Deus puniria os pecadores Evidentemente esse fogo foi declarado como de natureza eterna Em oposiçãoa essas concepções, Clemente de Alexandria duvida da eternidade do inferno. Orígenes define as torturas aí sofridas como sendfo provocadas pela própria consciência do pecador. Com base em 1Cor 15,25-26, ele chegou a postular de maneira hipotética a salvação final de todos, a assim chamada apokatástasis. Nessa hipótese seguem-no Gregório de Nissa, Teodoro de Mopsuéstia e, durante certo tempo, Jerônimo.
Os assim chamados misericordes declaram que Cristo salvará também os que morreram em estado de pecado mortal, visto que eles também foram batizados. A influência dos misericordes permaneceu até a Idade Média. No ano 543, encontramos a reação contra essas concepções, formulada por ocasião da reunião da província eclesiástica de Constantinopla e ratificada pelo papa Virgilio. Aí lemos: "Se alguém afirmar ou crer que o sofrimento e o castigo dos demônios e dos ímpios estão limitados no tempo e que algum dia terão fim e que haverá também reconciliação universal com os demônios e com os ímpios, que este seja condenado".
No assim chamado Credo de Atanásio formula-se que os maus serão julgados para toda a eternidade. Todos que praticaram o mal cairão no fogo eterno.
O catecismo Romano editado depois do Concílio de Trento e divulgado no ano de 1566 menciona diferentes tipos de torturas infernais e acentua principalmente a tortura do fogo. E ainda no Catecismo Católico, editado em Roma no ano de 1930, podemos ler: "É teologicamente certo, apesar de nao ser de fide (de fé), isto é, apesar de nao ser dogma, que o fogo com que os condenados do inferno são torturados seja fogo real ou corporal, não apenas no sentido figurado.
Somente nestes últimos tempos é que o tom das declarações a respeito do inferno começou a modificar-se, acentuando mais a seriedade da decisão de vida pela qual o homem é julgado. Assim é que podemos ler no Sínodo das Dioceses da Alemanha Federal, formulado na oitava reunião-geral de 22 de novembro de 1975: "Não ocultamos que a mensagem do juízo de Deus também falo do risco de perdição eterna. Essa mensagem proíbe que de antemão contemos com uma reconciliação e expiação para todos e para tudo o que fazemos ou omitimos. Assim, essa mensagem intervém sempre de novo e de maneira transformadora em nossa vida, trazendo a seriedade dramática em nossa responsabilidade histórica".
Em síntese fica assim:
Dizer não - faz parte das possibilidades mais inquietantes do homem. Mas o que acontece se ele disser não ao amor de Deus? Ele entraria em contradição consigo mesmo. Nós fomos criados para Deus, portanto, seria um atitude não natural do homem negar a Deus. Assim o homem entra na perda integral daquele sentido de vida que ele sempre procurou. Assim ele cai em uma ruína integral de vida.
A consequência seria: o ser humano permaneceria fixado na sua situação de morte. por causa de sua própria recusa em crer em Deus.
Inferno: É o próprio homem que condena a si mesmo!
Hoje, as declarações tradicionais são rejeitadas por muitos teólogos e muitos fiéis.
Caro leitor. Está claro que não se pode tratar de lugar ou de fogo. Criticam o inferno, com todo o direito que o conceito inferno, foi usado como meio de ameaça, provocando medo em vez de amor. A religião quer ganhar o fiél pelo medo e nao pelo Amor a Deus. Isso é uma pena.

Fonte: Blank, R J. Escatologia da Pessoa. Vida, morte e ressurreição. São Paulo: Paulus, 2000.

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