29 de janeiro de 2009

A estética da filosofia

Uma das disciplinas tradicionais da filosofia, que aborda um conjunto de problemas e conceitos por vezes muito diferentes entre si. A estética começou por ser sobretudo uma TEORIA DO BELO, depois passou a ser entendida como TEORIA DO GOSTO e nos nossos dias é predominantemente identificada com a FILOSOFIA DA ARTE.

Há fortes razões para considerar que estas três formas de encarar a estética não são apenas diferentes maneiras de abordar os mesmos problemas. É certo que gostamos de coisas belas que também são arte, mas não deixa de ser verdade que as coisas que consideramos belas, aquelas de que gostamos e as que são arte, formam conjuntos distintos. Afinal, até é banal gostarmos de coisas que não são belas e muito menos arte; assim como podemos nomear obras de arte de que não gostamos nem consideramos belas.

Enquanto teoria do belo, a estética defronta-se com problemas como "O que é o belo?" e "Como chegamos a saber o que é o belo?". Estas são perguntas que já PLATÃO colocava no séc. IV a.C. e que só indirectamente diziam respeito à arte, pois a arte consistia, para ele, na imitação das coisas belas. Razão pela qual Platão tinha uma opinião desfavorável à arte, ao contrário do seu contemporâneo ARISTÓTELES, para quem a imitação de coisas belas tinha os seus próprios méritos.

Já para os filósofos do séc. XVIII, como HUME e KANT, é no campo da subjectividade que se encontra a resposta para o problema do belo. A estética transformou-se, assim, em teoria do gosto, cujo problema central passou a ser o de saber como justificamos os nossos gostos. O SUBJECTIVISMO ESTÉTICO é a doutrina defendida por estes dois filósofos, embora com tonalidades diferentes. A doutrina rival é o OBJECTIVISMO ESTÉTICO e é bem representado pelo filósofo americano contemporâneo Monroe Beardsley (1915–85), para quem o belo não depende dos gostos pessoais, mas da existência de certas características nas próprias coisas.

Finalmente, as revoluções artísticas dos dois últimos séculos, ao alargar de tal modo o universo de objectos que passaram a ser catalogados como arte, acabaram por despertar nos filósofos vários problemas que se tornaram o centro das disputas estéticas. É o caso dos problemas de filosofia da arte como "O que é arte?" e "Qual o valor da arte?", entre outros. Quanto ao problema da definição de arte, há três tipos de teorias: as essencialistas — teorias da representação, da expressão e formalista —, as não-essencialistas — teorias institucionais, de filósofos como o americano George Dickie (n. 1936) — e as que, inspiradas no filósofo austríaco WITTGENSTEIN, consideram ser impossível definir "arte". Relativamente ao problema do valor da arte, encontramos dois tipos de teorias: as que defendem que a arte tem valor em si — teorias da arte pela arte, tendo Oscar Wilde (1854–1900) como defensor mais conhecido — e as que defendem que a arte tem valor porque tem uma função (teorias funcionalistas), seja ela social, moral, terapêutica, lúdica ou cognitiva. A função cognitiva é das mais discutidas e o filósofo americano contemporâneo Nelson GOODMAN é um dos seus mais importantes defensores, considerando a arte uma importante forma de conhecimento.

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