24 de abril de 2009

Cristãos “Fast food” - Parte I


Não é raro hoje em dia trombar pelas ruas ou mesmo nas igrejas com cristãos fast food.
Esta é uma modalidade já antiga. Desde os primórdios, alguns cristãos já consumiam este fast food.
Mas talvez o que mudou foi o modo como as coisas são consumidas.
Todo o esforço de Jesus Cristo por unir e congregar todos os povos em torno de Deus foi em vão.
Ele dizia: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância”. E mais, “Que todos sejam um”.
Estava portanto lançado os alicerces para uma Eclesiae (comunidade viva).
Jesus rompe com um certo tipo de religiosidade que estava em prática na época. Esta, se dava desta forma:
"Eu tenho que agradar a Deus". "Eu tenho que fazer o meu sacrifício". "Eu não posso ficar impuro". "Eu sou fiel e o outro não, etc".
Quem de nós não conhece a religião do “Eu”?
No entanto, esta religião não é a que Jesus nos deixou como herança. Antes, nem Javé esperava esta atitude de seu povo Eleito.
A noção de aliança some. No lugar entra a relação egoísta entre o homem e Deus.
Todo projeto de Deus como um Pai que faz aliança com o seu povo e não com um determinado "Eu" cai por terra.
Cabe a Jesus tentar restaurar a aliança. Ele bem que tentou, deixou todo um legado para isso. Mas como diz um provérbio. “Jesus ensinou o homem a ser cristão (fazer as mesmas coisas que ele), e o homem inventou a igreja (institucionalizou a fé)”.
Agora o pensamento de Jesus Cristo institucionalizado abre caminhos para pessoas deturparem a mensagem bíblica. A comunidade viva, portanto, a eclesiae não existe mais.
Para encerrar esta primeira parte, vamos analisar o que significa a religião.
O que é a religião?
RELIGIÃO deriva do termo latino "Re-Ligare", que significa "religação" com o divino.
O interessante é aprofundar este conceito. Religar não é apenas emendar uma parte a outra parte.
Religar é jogar-se no outro. É aquela coisa de você não saber mais onde começa ou termina algo.
Falando de uma forma filosófica. É uma união ontológica. Um união de Ser.
Esta concepção vai totalmente contrária a proposta do fast food.
Aqui o que importa é o espetáculo da fé. O que está em jogo é a eficácia do discurso para atrair maior número de fiéis.
Percebam que a ênfase é o discurso para atrair mais fiéis e não a mensagem do evangelho.
Autor: Marcos Martins César
Filósofo e Teólogo

Nenhum comentário: