28 de julho de 2009

Afinal o que é a vida? - Curso de Filosofia Regis Jolivet


A VIDA

ART. I. A VIDA EM GERAL

81 1. Noção.

a) O movimento imanente. A vida é uma realidade muito simples para que a possamos definir. Pode-se, apenas, descrevê-la em sua manifestação pelo movimento espontâneo e imanente, quer dizer, por um movimento que o ser vivo produz por si mesmo, por seus próprios recursos e que tem seu termo imediato no próprio ser vivo — movimento aqui, não apenas no sentido de movimento local, mas de toda passagem da potência ao ato e mesmo de toda operação (73). Assim, o ser vivo se move, enquanto que o não-vivente é movido.

b) Natureza do movimento imanente. Quando se diz que o ser vivo se move por si mesmo, não se quer dizer que ele seja o principio absolutamente primeiro do movimento. Na realidade, mesmo o movimento que parte dele está condicionado, no seu exercício, por um conjunto de causas de que depende a todo momento. Por exemplo, a árvore cresce e frutifica (movimento imanente, sinal de vida) mas o ato de crescer e de frutificar depende da natureza do terreno e das energias solares. Daí dizer-se universalmente que tudo o que se move é movido por um outro ser, isto é, depende de um outro ser no exercício de sua atividade. Se, então, se afirma que o ser vivo se move a si mesmo, é no sentido de que O movimento não lhe é comunicado mecanicamente de fora (como é o caso do movimento da pedra), mas resulta, sob a ação das causas que o tornam possível, do próprio princípio vital, quer dizer, de dentro mesmo do ser vivo.

2. A alma, princípio do movimento.

a) Todo corpo vivo é vivo pela presença de uma alma, distinta da matéria corporal. O corpo, enquanto matéria, não é capaz de se mover. Como se viu mais acima, o seu movimento provém da forma substancial, que, nos seres vivos, recebe o nome de alma.

b) É, pois, forçoso, rejeitar a teoria fisico-química ou materialista, segundo a qual a vida se explicaria adequadamente por combinações de forças físico-químicas e seria, por conseguinte, redutível a uma propriedade da matéria.

A matéria é passiva; o ser vivo é ativo. A matéria se expande do exterior, por adição de elementos homogêneos; o ser vivo se expande do – interior, por intussuscepção e assimilação, e segundo um plano em que se exprime uma lei imanente. Da mesma forma, o ser vivo se reproduz, o que não pode fazer a matéria.

82 3. Os graus da vida.

a) Distinguem-se três graus de vida: a vida vegetativa (plantas) — a vida sensitiva (animais), — a vida racional (homens), que têm por princípios, respectivamente, as almas vegetativa, sensitiva, racional.

O homem, natureza intelectual, não possui três almas, se bem que possua as potências vegetativa, sensitiva e racional, assim como o animal não tem duas almas, vegetativa e sensitiva. A alma superior assume as funções dos graus inferiores: a alma do animal é, ao mesmo tempo, vegetativa e sensitiva; a alma humana é, ao mesmo tempo, vegetativa, sensitiva e racional.

b) As funções vegetativas e sensitivas não ultrapassam o nível do corpo, e a alma, que é o seu princípio, se acha unida indissoluvelmente à matéria. Por isto, não sobrevive à dissolução do composto. Isto não se aplica à alma humana, em que as operações superiores se processam sem o concurso intrínseco (mas com o concurso apenas extrínseco, quer dizer, a título de condição dos órgãos corporais. A alma humana é, pois, na sua existência, independente do corpo e subsiste a dissolução do organismo corporal.

Fonte: Consciencia.org

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