11 de setembro de 2009

Bíblia o Livro da Humanidade

Abrindo a Bíblia, você está abrindo um dos livros mais lidos de toda a história da humanidade. A Bíblia é como coco de casca dura. Esconde e protege uma água que mata a sede do romeiro cansado. Pela perseverança e pela consolação que as Escrituras nos oferecem, podemos ter esperança. A esperança de que, um dia, a verdade e a justiça voltem a ser a marca de toda a palavra que sai da boca dos homens.
E diante deste livro da humanidade surge em nossa mente muitas perguntas como exemplo:
Como foi que aquele povo descobriu que Deus é o autor da Bíblia?
O que dizer que a Bíblia é a Palavra “inspirada” de Deus?
Foi Deus mesmo que pegou caneta e papel para escrever?
O pessoal que escreveu a Bíblia sabia que estava escrevendo a Palavra de Deus?
Como foi mesmo que surgiu a Bíblia?
Qual a sua mensagem e como é que a gente faz para descobri-la?
Como a gente deve ler este livro Sagrado que a Igreja coloca em nossas mãos?
Quais as regras da sua interpretação?
A palavra de Deus encontra-se tão somente na Bíblia ou também na nossa vida?
Como entender esta convicção tão profunda da nossa fé de que, quando leio a Bíblia, estou lendo ou ouvindo a Palavra de Deus para nós?

A Bíblia não caiu pronta do céu. Ela surgiu da terra, da vida do povo de Deus. Surgiu como fruto da inspiração divina e do esforço humano.
A Bíblia nasceu da vontade do povo de ser fiel a Deus e a si mesmo; Nasceu da preocupação de transmitir aos outros e a nós esta mesma vontade de ser fiel.
Deus estava trabalhando e inspirando, desde o começo, mas eles o descobriram somente no fim. A gente só conhece totalmente uma flor, depois que o botão se abre e que as pétalas são visíveis à luz do sol. O botão da Bíblia abriu foi na ressurreição de Jesus.
A ação do Espírito de Deus pode ser comparada com a chuva: cai do alto, penetra no chão e acorda a semente que produz a planta.
A Bíblia é o fruto de um mutirão prolongado do povo que procurava descobrir, praticar, escrever e transmitir aos outros e a nós a Palavra de Deus presente na vida.
Mas uma coisa que não entra em nossa cabeça é quem realmente escreveu a Bíblia, será que foi Deus? Ou Deus escreveu somente 66 livros e o homem escreveu 7 ?
Quem escreveu a Bíblia foram os agricultores, jovens, velhos, pais e mães, pescadores, sacerdotes, profetas, pastores, apóstolos e evangelistas.
Alguns puxavam a brasa um pouquinho para seu lado é claro.
Ela foi escrita em três línguas: Aramaico (depois do cativeiro foi a lingua falada no cotidiano), Hebraico (na leitura da Bíblia), e o Grego (muito usado no comércio e na política).
A diferença entre a Biblia dos protestantes e a Biblia dos católicos vem desta diferença entre a Biblia hebraica da Palestina e a Biblia grega do Egito. Os protestantes preferiram a lista mais curta e amais antiga da Bíblia hebraica, e os católicos, seguindo o exemplo dos apóstolos, ficaram com a lista mais comprida da tradução grega dos Setenta sábios, no século terceiro antes de Cristo, um grupo de pessoas resolveu traduzir o Antigo Testamento do hebraico para o grego. Foi a primeira tradução da Bíblia. Esta tradução é chamada Septuaginta ou Setenta.
Há sete livros a menos na edição da Bíblia dos protestantes: Tobias, Judite, Baruc, Eclesiástico, Sabedoria, algumas partes do livro de Daniel e algumas partes do livro de Éster, estes sete livros são chamados “deutero-canônicos”, isto é são da segunda (deutero) lista (cânon).
Tem trechos na Bíblia que querem comunicar alegria, esperança, coragem e amor. Outros trechos querem denunciar erros, pecados, opressão e injustiças. Tem páginas lá dentro que foram escritas pelo gosto de contar uma bela história para descansar a mente do leitor e provocar nele um sorriso de esperança.
A Bíblia não fala só de Deus que vai em busca do seu povo, mas também do povo que vai em busca do seu Deus e que procura organizar-se de acordo com a vontade divina. Ela conta as virtudes e os recados, os acertos e os enganos, os pontos altos e os pontos baixos.
A Bíblia é tão variada como é variada a vida do povo. A palavra Bíblia vem do grego e quer dizer livros. A Sagrada Escritura tem 73 livros. É quase uma biblioteca. Poucas bibliotecas paroquiais têm a variedade dos 73 livros da Bíblia.
Longo e demorado foi o mutirão do povo, do qual surgiu a Bíblia. Surgiu como surgem as árvores. Elas nascem de uma semente bem pequenina, escondida no chão, e crescem até esparramar os seus galhos que oferecem sombra, alimento e proteção. A Bíblia nasceu de um chamado de Deus, escondido no chão da vida do povo, e cresceu até esparramar os seus 73 galhos pelo mundo inteiro.
A mensagem central da Bíblia é o nome de Deus que é Javé, cujo sentido Ele mesmo revelou e explicou a seu povo (Ex3,14). Javé significa Emanuel, isto é, Deus conosco, Deus quer ser Javé para nós, quer ser presença libertadora no meio de nós. Mas somente o próprio povo que vive e celebra a presença libertadora de Deus no seu meio, é que pode avalia-lo.
Quando surgiu os profetas?
Surgiu nos momentos de crise e de abatimento que apareciam os profetas, e com isto eles denunciavam os erros e anunciavam ao povo a vontade de Deus.
A Bíblia conserva as palavras de quatro profetas chamados Maiores: Isaías, Jeremias, Ezequiel, Daniel e de doze Menores: Oséias, Joel, Amós, Abdias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias. Além destes, muitos outros profetas são mencionados na Bíblia, o maior deles é Elias. Diante das falhas constantes do povo, desviado por seus líderes, os profetas começaram a alimentar no povo uma nova esperança. Diziam que, no futuro, a vontade de Deus seria realizada através de um enviado especial, um novo líder, fiel e verdadeiro, chamado Messias.
A Bíblia não é o primeiro livro que Deus escreveu para nós, nem o mais importante. O primeiro livro é a natureza, criada pela Palavra de Deus, são os fatos, os acontecimentos, a história, tudo que existe e acontece na vida do povo, é a realidade que nos envolve, é a vida que vivemos. Deus quer comunicar-se conosco através da realidade da vida. Por meio dela, ele nos transmite a sua mensagem de amor e de justiça.
Quem lê e estuda a Bíblia, mas não olha a realidade do povo oprimido de ontem e de hoje, nem luta pela justiça e pela fraternidade, é infiel à Palavra de Deus e não imita Jesus Cristo. É semelhante aos fariseus que conheciam a Bíblia de cor, mas não a praticavam.
Como descobrir o que o autor diz nas entrelinhas? Usando a inteligência, o coração e a imaginação, perguntando sempre:
1- Quem é que está falando no texto e a quem?
2- O que ele está querendo dizer e por quê ?
3- Em que situação ele está falando ou escrevendo?
4- Qual o jeito que ele usa para dar o seu recado?
5- De que lado ele está e qual o interesse que ele defende?

As introduções de cada livro da Bíblia, as notas ao pé das páginas, as referências para outros textos bíblicos, os mapas geográficos, que você encontra na sua Bíblia, foram feitos para ajudá-lo na descoberta do sentido certo e exato que existe nas linhas e nas entrelinhas do texto da Bíblia.
O conhecimento da Bíblia se adquire através de uma prática constante de leitura, se possível diária. A leitura da Bíblia deve ter os seus momentos de silêncio e de oração, de canto e de celebração, de troca de experiência e de vivências.



Bibliografia:
MESTERS, Carlos. Bíblia Livro em Mutirão: 23a edição, 2002. Editora Paulus.

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