BERLIM O filósofo Friedrich Nietzsche realmente não serve para ser personagem de filme. Muita profundidade agrupada resulta em um produto arrogante e autoexaltador ou, ainda, simplesmente não faz justiça à obra polêmica do escritor que matou Deus.
Foi o que aconteceu no Brasil, quando Júlio Bressane resolveu rodar “Dias de Nietzsche em Turim” (2001), só com frases extraídas de escritos do filósofo, e é o que acontece com este novo filme do diretor húngaro Béla Tarr (“Sátántangó”), exibido em competição no Festival de Berlim.
De fotografia belíssima, em preto-e-branco, numa estética da fome próxima ao imaginário fotográfico de Sebastião Salgado, “The Turin Horse” retorna a 1889. Nietzsche sobe em um cavalo e em seguida perde a consciência. Acorda em algum lugar no meio rural e passa a conviver com um fazendeiro e sua filha, um cavalo e uma carroça. Do lado de fora da casa rústica, apenas uma ventania assopra.
E assim se passam 150 minutos de filme.
Deslocado no tempo, o longa de Béla Tarr talvez encontrasse maior repercussão nos anos 60, quando filme de arte era sinônimo de lentidão e absoluto marasmo
Colaborador:Rodney Eloy
Fonte:Pipocamoderna
Nenhum comentário:
Postar um comentário