21 de setembro de 2008

Filósofa inglesa defende o dever de morrer

Uma influente filósofa inglesa, ligada à ética, defende que as pessoas dementes sejam mortas. Uma posição que o Pe. Vitor Feytor Pinto considera imoral e discriminatória.


Doentes que sofrem de demência estão a desperdiçar a vida dos seus familiares e os recursos do Sistema Nacional de Saúde. A opinião, defendida por uma das principais referências no campo da filosofia moral, está a causar muita polémica no Reino Unido.

As afirmações da baronesa Warnock, feitas numa entrevista à revista “Life and Work” da Igreja da Escócia [Anglicana], estão a ter grande impacto no Reino Unido, com alguns críticos a apelidá-las de bárbaras.

Aos 84 anos, Warnock é considerada uma voz influente no campo da ética e da moral. É muitas vezes consultada pelo Governo e teve um papel fundamental na concepção da lei de fertilidade e pesquisa em embriões de 1990.

Há muito tempo defensora da eutanásia para pessoas em sofrimento, vem agora dizer que esse “direito” deve ser alargado a pessoas que sentem que se tornaram um fardo para as suas famílias ou para o Estado.

A filósofa defende ainda a possibilidade das pessoas constituírem representantes que possam definir, em caso de incapacidade, se os médicos os devem matar. “Penso que o futuro para aí caminha, para pôr as coisas de uma forma um pouco bruta, estaríamos a autorizar algumas pessoas a abater outras”.

Imoral e discriminatório

Para o Pe. Vítor Feytor Pinto, responsável pela Pastoral da Saúde, trata-se de uma posição insustentável: “É muito difícil uma pessoa ligada à ética pensar isto. A eutanásia é sempre ilegítima, porque a precipitação da morte está condenada pelo terceiro artigo dos direitos humanos, e no caso dos deficientes tratar-se-ia de uma discriminação, condenada no artigo segundo. Os direitos humanos não permitem nem a eutanásia nem uma discriminação pela qual os deficientes, por serem deficientes, poderiam ser discriminados.”


Peter Saunders, da organização “Care Not Killing” [Cuidar e não Matar], duvida que essa autoridade moral dure muito mais tempo: “Por causa da sua influência no passado, ainda é levada bastante a sério. Mas sinceramente, acho que se ela continuar a fazer este tipo de declarações, deixará de ser levada a sério.”

Para esta organização, que merece o inteiro apoio da Igreja Católica Inglesa, “a sugestão de que pessoas dementes devem ser mortas por serem fardos emocionais, ou económicos, para outros, é escandalosa. Na verdade, devemos fazer o oposto daquilo que a Baronesa Warnock sugere e investir mais na prevenção e tratamento da demência, e nos cuidados e apoio aos doentes e às suas famílias. As opiniões expressas por Warnock são assustadoras, mas realçam a necessidade que existe de trabalhar mais para combater os preconceitos em relação a pessoas com incapacidade mental”, diz Peter Saunders.

Fonte:Informação

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