7 de outubro de 2008

Maurice Merleau-Ponty


Maurice Merleau-Ponty escritor e filósofo líder do pensamento fenomenológico na França, enasceu em 14 de março de 1908, em Rochefort, e faleceu em 4 de maio de 1961, em Paris. Estudou na Ecóle Normale Supérieure em Paris, graduando-se em filosofia em 1931. Lecionou em vários liceus antes da Segunda Guerra, durante a qual serviu como oficial do exército francês. Em 1945 foi nomeado professor de filosofia da Universidade de Lyon e em 1949 foi chamado a lecionar na Sorbonne, em Paris. Em 1952 ganhou a cadeira de filosofia no Collège de France. De 1945 a 1952 foi co-editor (com Jean-Paul Sartre) do jornal Les Temps Modernes.
Suas obras mais importantes de Filosofia foram de cunho psicológico: La Structure du comportement (1942) e Phénoménologie de la perception (1945). Apesar de grandemente influenciado pela obra de Edmund Husserl, Merleau-Ponty rejeitou sua teoria do conhecimento intencional fundamentando sua própria teoria no comportamento corporal e na percepção. Sustentava que é necessário considerar o organismo como um todo para se descobrir o que se seguirá a um dado conjunto de estímulos.
Volltando sua atenção para a questões sociais e políticas, Merleau-Ponty publicou em 1947 um conjunto de ensaios marxistas, Humanisme et terreur ("Humanismo e Terror"), a mais elaborada defesa do comunismo soviético no final dos anos 1940. Contrário ao julgamento do terrorismo soviético, atacou o que considerava "hipocrisia ocidental". Porém a guerra da Coréia o desiludiu e rompeu com Sartre, que apoiava os comunistas da Corea do Norte.
Em 1955 Merleau-Ponty publicou mais ensaios marxistas, Les Aventures de la dialectique ("As Aventuras da Dialética"). essa coleção no entanto, indicava sua mudança de posição: o marxismo não aparece mais como a última palavra na História, mas apenas como uma metodologia heurística


Interrogação filosófica e opção religiosa
Paolo Nepi

Introdução
O pensamento de Merleau-Ponty, constitui em diferentes correntes, sendo assim um filósofo “eclético”. Encontra-se nele expressões da cultura moderna, contemporânea, existencialismo, marxismo, psicanálise, e, por fim, a psicologia da forma.
Sendo assim, não é de se estranhar que alguns manuais ora o posicione na fenomenologia, orna do neomarxismo, ora no do existencialismo ou das ciências naturais.
Na filosofia, Ponty colocará o conceito de filosofia como aproximação. Esta será usada quando ele for trabalhar com o pensamento cristão.

I – Encontra-se em Ponty, numerosos pensamentos acerca da religião, em especial o cristianismo.Ponty passa de uma perspectiva hostil para uma aceitação, se não pela simpatia, pela compreensão.
Em uma conferência, na “Société Française de Philosofhie” diz: “Considero que seja naturalmente inerente ao homem pensar em Deus”.
O pensamento de Deus é natural ao homem, e este, carrega desde o seu nascimento.
Neste sentido Ponty está em sintonia com a teoria feuerbachiana e não com o pensamento de Marx que vê a religião como produto. O interessante que a naturalidade não passa nem pela veracidade e nem pela falsidade.
Ponty quer dá para a fenomenologia um caráter de ciência exata e todas as criticas, por exemplo, marxismo, psicanálise freudiana, seria uma crítica ideológica.
A fenomenologia coloca a religião como parte de uma experiência religiosa que todos os homens estão aptos a passar.
“A religião é algo a mais do que uma aparência vazia, é um fenômeno fundado nas relações inter-humanas”.

II – Ponty quebra com a sua fenomenologia a concepção ideológica que se criou a respeito da religião. Diz ele que a filosofia não deve escolher entre o teísmo e o ateísmo e também não deve opatar entre a fé em Deus e a fé no homem.


No pós-guerra o humanismo foi levado ao extremo com o existencialismo. No entanto, Ponty defende um humanismo com reconhecimento das possibilidades dos homens. Assim o homem pode correr o risco de optar com responsabilidade na aventura da vida.

III – Ao contrário do positivismo de Comte que vê a religião como um fenômeno de interesse histórico, a filosofia a vê como algo essencial. Ponty afirma que o confronto com o cristianismo é uma das provas em que a filosofia mais revela a sua essência.
Isso não esquiva de Ponty fazer uma critica ao cristianismo, que sempre usou a metafísica como instrumento de construção teórica.
Nunca teremos a certeza (dados imutáveis que a metafísica prega), mas como busca (aposta de Pascal), ou do paradoxo de Kierkegaard.

IV – Ponty, conclui que de acordo com o instrumento usado, será a ideologia vigente. O pensamento cristão, fundado na metafísica considera a história não como projeto, mas como algo pronto e acabado, pré-estabelecido. Daí atitudes moderadas que sempre nortearam a vida dos católicos.
O único projeto de revolução se dá no plano personalista de Mounier, que para Ponty constitui uma das poucas expressões de cristianismo político progressistas e não reacionário.

V – Por fim, Ponty dá uma reviravolta ontológica. Aqui ele está preocupado em salvaguardar as possibilidades de realização do sujeito humano. Está e a fase onde Ponty vai justificar todo um humanismo existencial.
A tarefa da filosofia é a busca pela genuína interrogação do homem. Aqui novamente a filosofia ira se deparar com a religião, tão presente no Ocidente. Ponty tenta busca um equilíbrio entre filosofia e religião. Nem muito Tomás de Aquino, nem muito Hegel (substituição da religião pela filosofia).



Conclusão
Com certeza a filosofia e a religião sempre se encontrarão em algum momento da vida. Uma tenta explicar o homem e suas inquietações no mundo. A outra tenta fazer com que o homem perceba que ele não é só imanência, mas também transcendência.
“A verdadeira religião é a verdadeira filosofia, e por sua vez, a verdadeira filosofia é a verdadeira religião” (frase agostiniana).


Bibliografia

NEPI, P. Interrogação filosófica e opção religiosa in: PENZO, G; GIBELLINI, R; orgs. Deus na filosofia do século XX. Ed. Loyola: São Paulo, 1998.

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