28 de março de 2009

Da mágica da fé a realidade

É preciso estar consciente com algumas atitudes e principalmente estar comprometido com tudo e todos; o estar comprometido faz com que tenhamos a consciência de que existem pessoas e coisas que continuaram a existir mesmo quando não estivermos presentes.

É necessária uma longa e muitas vezes frustrantes experiência para que nos tornemos capazes de descobrir o mundo objetivo. Enquanto somos bebê, achamos que tudo existe para nós, e quando choro tenho a mamadeira para mim ou quando continuo a chorar tenho minha mãe por perto para me dar carinho, e quando nos tornamos jovens não é muito diferente, pois, parece que tudo que existe, existe para nós, as coisas os divertimentos e não damos liganças para os outros, esquecemos do outro como agente da nossa história, nem mesmo para as coisas, mais tarde, pode ser uma experiência bastante dolorosa, ao descobrir que nosso choro não cria o leite, que nosso sorriso não produz a mãe, que nossas necessidades não fazem surgir aquilo que irá satisfazê-las, e que nossa falta de comprometimento não fazem surgir um mundo novo, ou que minhas lágrimas derramadas brotarão paz, amor, ou uma sociedade mais justa, gradualmente descobrimos a nossa mãe como um outro e não como parte de nós e que as pessoas são importantes para mim e eu para elas, quando tomar consciência do meu eu, saber que o eu é construído para história, e que a sinceridade acentua a continuidade da história, assim recordamos Santo Agostinho quando nos diz de que “quando termos a capacidade de nos conhecer como sujeito dá própria história é o que nos dá a certeza, pois a certeza é existencial”; ou quando sei reconhecer que sou agente da história e não apenas um telespectador do qual vê a vida passar como em contos de fada ou quando achamos que tudo é ficção. Cada vez que experimentamos que não estamos governando o mundo por meio de nossos sentimentos, pensamentos e ações são forçados a reconhecer que há outras pessoas, coisas e acontecimentos com autonomia própria.

Quando descobrirmos que o cosmo (mundo) não é uma coisa mágica e que a realidade nos mostra um mundo com ilusões e divisões, egoísmo e falta de amor, um mundo no qual Deus já foi esquecido, ou melhor, um mundo que matou Deus como nos dizia o filósofo Nietzche, ou seja, um mundo que acabou com o cristianismo através das guerras e a falta de amor, um mundo que não mais prega o bem e sim o mal, talvez por não conhecer a essência do bem. Quando soubermos que estou no mundo, mas não pertenço a ele e ele a mim. É preciso que estejamos preocupados com a verdade, pois, ela é nossa possibilidade, e nós somos o ser pela qual ela vem ao mundo. Somos convidados a mostrar Deus a todas as pessoas, e que a felicidade consiste em lutar por objetivos e ideais e quando formos capazes de ficar de pé sozinhos e de apontar para as coisas à nossa volta como realidades objetivas e que esse mundo existe e não é um mundo mágico, esse mundo real que tudo funciona quando as pessoas que o formam tiverem a consciência em fazer algo para ele.

É ai que começa o papel da sociedade, quando não mais pensa em si, mas começa pensar no próximo como alguém que o completo. Nasce o desafio de toda a sociedade, em lutar por um mundo melhor, longe das injustiças sociais

Cristiano Leme - Filósofo da Unifai

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