3 de julho de 2009

A santa Aliança: cinco séculos de espionagem do Vaticano (Livro)

Caros leitores
Este é um título impactante não? Mas devemos considerá-lo.
Sabemos que a Igreja exerce não só um poder espiritual mas também um poder temporal.

O Papa é um chefe de Estado. E para tanto, necessita de uma organização que os faz saber tudo o que acontece no mundo.
A pergunta é a seguinte: existiu ou existe uma rede de espionagem na Igreja Católica?
Áh! Esperem. Não venham me acusar de leitor assíduo de Dan Brown. Nunca li se quer uma obra deste pobre cidadão.

Por favor, não leiam o artigo pensando que foi pinçado da obra "Anjos e demônios".
Mas como o blog é um lugar de discussão. Vou postar algo sobre o assunto.*

* Notas do editor Marcos

Livro: Santa Aliança

O temido serviço secreto do Vaticano, na Itália. E assim raciocinavam também ao menos outros 39 religiosos que atuaram no comando das organizações de espionagem e contraespionagem ligadas ao Estado do Vaticano desde a sua criação em 1566.
Fartamente documentadas, as revelações estão detalhadas no livro "A Santa Aliança: Cinco séculos de espionagem do Vaticano" (Editora Boitempo), do jornalista e pesquisador Eric Frattini.
Ele embasa as suas afirmações em amplas pesquisas realizadas há pelo menos 12 amos em arquivos oficiais da Igreja de diversos países.

A Santa Aliança foi criada por ordem do papa Pio V com o objetivo de assassinar a rainha Isabel da Inglaterra, que era protestante, para restaurar o catolocismo no país.
De lá pra cá, 40 pontífices assumiram o comando da instituição e atuaram com mais ou menos rigor junto aos trabalhos de seus espiões. Segundo Frattini, houve um único papa que dispensou categoricamente os serviços desse organizmo. Trata-se do papa João XXIII. Ele teve a coragem de enfrentar esse setor do Vaticano, que em seu entendimento trazia mais problemas do que soluções ao pontificado, e por isso ficou historicamente conhecido como o Papa Bom ou o papa da Bondade.

Uma das atuações mais polêmicas da Santa Aliança se deu durante a II Guerra Mundial. Foi quando entrou em vigor a chamada Operação Convento, que ajudou na fuga de criminosos de guerra nazistas, entre eles o general da SS Hans Fischbock, o tenente-coronel da SS Adolf Eichaman e o médico de Auschwitz Josef Mengele. O padre Karlo Petranovic e o bispo Gregori Rozman, notório antissemita, foram bastante ativos nessa época.

Na década de 70, o autor menciona a atuação da Aliança na perseguição aos sacerdotes progressistas que defendiam a Teologia da Libertação, entre eles o frade brasileiro Leonardo Boff, ações que contaram inclusive com o apoio da CIA.
A Igreja também teria incrementado os fundos do Banco do Vaticano através da venda de armamentos a países em conflito. Frattini dá como exemplo o que se passou durante o pontificado de João Paulo II. Proprietário de 58% da companhia armamentista Bellatrix, com sede no Panamá, o banco faturou comercializando mísseis Exocet com o governo ditatorial da Argentina durante a Guerra das Malvinas travada entre o país e a Inglaterra em dispusta das Ilhas Malvinas, na década de 80.

As conexões internacionais do Vaticano são vastas: o dinheiro obtido com a venda desses mísseis teria sido usado para financiar o sindicato Solidariedade na Polônia e diversas ditaduras sul-americanas.
Além da Argentina, houve intervenção na ditadura de Nicarágua. Haiti, El Salvador.
Depois que Ronald Reagan assumiu o poder nos EUA, a organização passou a contar efetivamente com o apoio da CIA, o que a tornou ainda mais atuante. Entre 1979 e 1982, cinco cardeais envolvidos em um inquérito que apontava irregularidades no Banco do Vaticano morreram em decorrência de motivos diversos - essas mortes teriam sido encomendadas para previnir que esses religiosos acabassem por revelar segredos da Santa Aliança. Essa teoria conspiratória lembrra os romances de Dan Brown? Claro, com a diferença que os fatos e os personagens não são mera coincidência.


Fonte: Revista Isto É - ano 32 nº2068 - 1º de julho 2009

Quer saber mais sobre este assunto?
FRATTINI, Eric. A Santa Aliança: Cinco séculos de espionagem no Vaticano. Ed. Boitempo, São Paulo: 2009

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