28 de setembro de 2009

Filósofos e Sociólogos cobram concurso

Desde o ano passado o ensino das disciplinas de Sociologia e Filosofia se tornou obrigatório nas escolas de ensino médio. De acordo com a lei 11.684/2008, até 2011 as unidades de ensino tanto do sistema público quanto do privado devem adicionar, gradativamente, as matérias aos currículos escolares das três séries.

Apesar da determinação, estudantes e profissionais formados pela Universidade Federal de Sergipe (UFS) montaram um movimento de mobilização e cobram do Governo do Estado a realização de concurso público. Nas escolas estaduais, os profissionais licenciados nas duas áreas estão sendo substituídos por professores de outras formações.

De acordo uma das integrantes do ‘Sociólogo e Filósofos Unidos!’, Lavínia Cruz, a medida utilizada pelo Governo é baseada numa Licença Precária. Ela permite a docentes que durante a formação superior cursaram Sociologia ou Filosofia, independente da licenciatura, possam ministrar as duas disciplinas. “Esse mecanismo só pode ser utilizado caso não hajam profissionais habilitados para as áreas de demanda, o que em nosso caso não ocorre. Muitos formados estão desempregados”, alerta Lavínia.

“A Lei de Diretrizes e Bases da Educação]LDB diz que para ensinar determinadas disciplinas, o professor tem que ser licenciado naquela área. A Lei Federal não pode ser desconsiderada”, cobra a socióloga. O grupo lembra que o cumprimento da norma é esquecido também por escolas particulares. “O Governo também deveria cobrar dessas instituições que contratem professores”, ressalta Vanessa Barreto, também socióloga.

Em um dos últimos concursos públicos realizados no Estado, no ano de 2004, cerca de 30 vagas foram ofertadas para esses profissionais. Entretanto, de acordo com os participantes do movimento, o número de inscritos foi abaixo do esperado e os aprovados nos exames foram remanejados para outras funções fora das salas de aula. “É fato que a demanda existe. São mais de 200 escolas de ensino médio em Sergipe. Em média se formam 20 pessoas por ano, nos dois cursos. Esses profissionais deveriam estar ensinando”, diz Sidney Boreas, filósofo.

Mobilização

Lavínia Cruz diz que muitos licenciados nas duas áreas estão desempregados
Ainda no começo, o grupo pretende coletar mais dados sobre a situação atual. Uma das atividades nesse sentido é a busca minuciosa do número de escolas que ofertam as matérias e quantos e quais são os professores que estão trabalhando nelas nas salas de aula. A partir disso, vão buscar meios de cobrar respostas da secretaria de Estado da Educação (Seed). As atividades podem ser acompanhadas através do blog do grupo.

Importância das disciplinas

Apesar do concurso ser o assunto mais urgente, os integrantes do movimento ‘Sociólogos e Filósofos Unidos!’ dizem que a luta faz parte de um contexto maior. “Nossa intenção é mudar a importância que é dada às disciplinas e à formação educacional. Uma das funções que têm a Sociologia e a Filosofia é fazer com que a Educação forme cidadãos mais completos, fugindo da concepção tecnicista e voltada ao vestibular”, explica Ewerthon Glauber, licenciado em Ciências Sociais.

Ele acrescenta que justamente essa especificidade característica das ciências só é conhecida por quem é habilitado nelas. “Trata-se também de respeitar as particularidades de cada curso e de cada disciplina. A Sociologia e a Filosofia devem ser importantes e lecionadas por quem tem a formação específica”, diz ele.

Outros Estados

Paraíba, Ceará, Maranhão e Pernambuco já têm previsão de concurso público ainda este ano. O Estado do Paraná é apontado como exemplo pelos licenciados porque além de já terem incluído professores formados nas duas áreas, já cobra o conteúdo das disciplinas no vestibular de algumas instituições.

Concurso sem previsão

Segundo a professora Izabel Ladeira, diretora do Departamento de Educação da Seed, não há nenhuma previsão para concurso público em Sergipe. “Não sei se a folha de pagamento suportaria, porque já está carregada, principalmente porque nós estamos pagando o novo piso aos professores”, diz.

Por conta da gradatividade na aplicação da Lei, este ano as disciplinas são obrigatórias apenas na 1º série do ensino médio. A professora confirma que é feito um remanejamento de pedagogos e professores de história e geografia, com carga horária livre, para ensinar as matérias. “Se for necessário, nós contrataremos temporariamente alguns”, prevê.

Por Diógenes de Souza e Carla Sousa

Colaborador:Rodney Eloy

Fonte:Infonet

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